Ainda me arrepio com as histórias, as músicas e os relatos de quem viveu a guerra e a revolução.
Com os documentários, as reconstituições cinematográficas e as imagens daquele dia inicial inteiro e limpo.
Com a coragem daqueles militares, que arriscaram a liberdade e a vida para que todos pudéssemos ser livres e – finalmente – viver.
Com a existência clandestina dos bravos da resistência antifascista.
Com a realização daquela alegada utopia, que na madrugada que todos esperavam emergiu das trevas e limpou o céu.
Com o privilégio que foi nascer em democracia, sem nunca, de forma alguma, ter estado sujeito à censura, à perseguição ideológica, à prisão arbitrária, à tortura ou à morte às mãos de um qualquer carrasco da PIDE.
Poucas coisas me alarmam, tão intensamente, como a ideia de vivermos hoje um tempo em que uma ruidosa minoria decidiu sentir saudade de um tempo que não viveu.
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