Só Custam Uns Tostões (SCUT), mas não são poucos

Encargos dos Estado com as concessões SCUT  
Fonte: Auditoria às concessões rodoviárias em regime de portagem SCUT, Tribunal de Contas, Maio 2003

Este gráfico evidencia o aumento brutal da despesa com as SCUT em 2005, num retrato feito pelo Tribunal de Contas em 2003, apenas 3 anos após o lançamento das SCUT. Um problema com barbas, de  700 milhões de euros anuais, criado pelo governo de António Guterres.

"Portugal está a viver o período mais significativo de lançamento de obras públicas da sua história", afirmou Guterres a 20 de Maio de 2000 em Aveiro por ocasião do cerimónia de assinatura do contrato de concessão ao consórcio Lusoscut da construção, financiamento, conservação e exploração de 109 quilómetros de lanços do Itinerário Complementar nº1.  Acrescentou que "a colaboração entre o Estado e a iniciativa privada é um modelo de desenvolvimento que tenderá a generalizar-se na Europa, pois permite mais eficácia e rapidez a custos controlados".


Fonte: As SCUTs…e o amanhã ?, Dezembro 2004

Nem os custos controlados, como se vê no gráfico supra, nem a generalização à Europa aconteceu. Apenas a inexorável factura acabou por chegar, anos depois da obra feita e dos respectivos dividendos eleitorais terem sido colhidos.

Os alertas para este insuportável encargo financeiro foram repetidamente ignorados até que, em 2005, o aumento de impostos para o suportar foi inevitável. Sócrates adiou o mais que pôde a colocação de portagens nessas auto-estradas que o seu partido tão orgulhosamente apresentava como sem custos para o utilizador.  Mas sabia que o teria que fazer por isso começou por criar a infra-estrutura que, no apropriado momento, lhe permitisse colocar as SCUT na mesma gaveta onde antes o socialismo havia sido arrumado.

As portagens estão à porta, com a introdução do DEM (aposta minha, já que a história ainda não acabou), sendo esta forma de portajar o apogeu do erro que foram as SCUT desde a sua criação. Para corrigir um erro colossal, o governo prepara-se para dar uma machadada na privacidade dos portugueses. A partir do momento em todos os veículos automóveis estejam marcados electronicamente é uma questão de tempo até que outros usos sejam definidos (portagens nas entradas das cidades ou em zonas das cidades; estacionamento pago de forma generalizada; controlo de movimentos; e tudo o mais que o cruzamento de dados permita).

A parte incrível em todo o processo das SCUT é que o PS está a conseguir não ser responsabilizado pela situação que criou e ainda está a encurralar o PSD com a história dos DEM. Há coisas fantásticas.

 

PS:  O Ricardo Santos Pinto teve a amabilidade de me convidar para aqui escrever e cá estou eu. Um abraço aos actuais Aventadores.

Comments

  1. Luis Moreira says:

    Boa entrada, Jorge! E bem vindo. Abraço

  2. Obrigado Luís.

  3. Bem vindo Jorge, e sempre conversamos mais vezes.

  4. J. Mário Teixeira says:

    Bem vindo!

  5. Ricardo Santos Pinto says:

    Meu caro Jorge do Aventar :), nem me deste tempo para fazer a tua apresentação. Obrigado por aceitares o convite.

  6. Passei a ser leitora.

    Sou fã do ‘FLIS’! 😉

  7. … e passo a ser tb v/ fã! 🙂

  8. Bem vindo, Jorge, a este grupo de gente simples e boa.
    Abraço

  9. Obrigado, caríssimos e caríssima Isabel.

    “Jorge do Aventar” lol Gostei dessa Ricardo 🙂 Desculpa a ter-me antecipado, não tinha percebido essa parte da apresentação. De resto, é um prazer estar entre vós.

  10. Obrigada.

    Voltarei sim.

Trackbacks

  1. […] causa dos compromissos assumidos no passado como as SCUT e as PPP, por causa de irresponsabilidades como o buraco BPN, por causa do despejar de dinheiro a […]

  2. […] Aumentar propositadamente a despesa do Estado para ganhar a eleição […]

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